ENTREVISTA - A crise econômica e o setor imobiliário em Umuarama
Engenheiro e diretor da Morena Empreendimentos Imobiliários, Moacir Zafanelli aponta que o momento é de cautela no segmento imobiliário, mas de bons negócios para os consumidores. Confira!
1 – O mercado imobiliário se preparava para um aquecimento, neste ano. A pandemia do COVID-19 e a crise econômica interromperam essa expectativa?
No ano de 2020, tanto para o setor imobiliário quanto para a economia nacional, era esperado uma retomada do aquecimento. Realmente fomos atingidos em cheio pela pandemia do coronavírus. Foi uma frustração no mercado de forma momentânea a paralisação das atividades de forma geral.
2 - E como vocês se preparam para todas essas mudanças?
Em Umuarama nós ficamos 15 dias paralisados, sem trabalhar nas obras, sem poder fazer atendimento presencial aos clientes. No final do primeiro trimestre e começo do segundo, essa paralisação realmente interrompeu nossas atividades. Porém nós nos preparamos para atacar num mercado online, investir divulgação online, atendimento via aplicativos, redes sociais e marketing digital. Apostamos bastante na era digital pra acompanhar a crise.
3 – E na construção civil? A menor confiança em vender e comprar pode causar uma retração na aquisição de imóveis e lançamentos?
Os mais atingidos por essa paralisação são pessoas de média e baixa renda, que dependem de credito imobiliário, empréstimos e financiamentos bancários para a aquisição de imóveis. Essa incerteza sobre o emprego pode sim causar uma retração na aquisição de imóveis.
Por outro lado, percebemos um movimento de pessoas de classe mais alta que tinham dinheiro em aplicações, bolsa de valores e poupança. Elas estão buscando o mercado imobiliário como opção investimento. Veja: hoje a gente vê uma taxa SELIC de 3% ao ano e poupança 0,5% ao mês. É uma rentabilidade muito abaixo do que pessoas vinham acostumadas.
A gente já sentiu os reflexos disso com bastante gente procurando fazer esses investimentos no mercado imobiliário, que é mais seguro e com maior rentabilidade.
Além disso, fizemos várias vendas nos últimos 30 dias para pessoas de Umuarama e região, que moram no exterior. Como o dólar disparou, essas pessoas estão com alto poder de compra no Brasil e aproveitando a oportunidade para investir aqui.
4 – Moacir, quais são as expectativas do setor para os próximos meses?
Para quando vocês esperam uma recuperação?
O setor da construção civil deve agir com muita cautela neste momento. Devemos aguardar um pouco mais de tempo para fazer uma avaliação mais profunda dos impactos da pandemia na construção civil. O momento pede bastante cautela, sem grandes apostas e observar nos próximos 60 dias qual vai ser esse impacto direto na indústria da construção civil em Umuarama.
5 – Que conselho daria para outros empresários do setor (construtores, imobiliaristas, fornecedores, ect.)
Como eu disse, esse é um momento de cautela, de revisar faturamento e despesa, de colocar isto na balança pra não desequilibrar.
O conselho que dou é para realmente observar. Acredito que essa tendência vai se confirmar nos próximos meses: as pessoas de baixa renda vão ser altamente atingidas devido à paralisação. Por outro lado aquelas pessoas das classes A e B, com alguma reserva financeira podem colocar o dinheiro no comércio e isso pode ser muito positivo para o mercado imobiliário e seus fornecedores.
6 – E para o consumidor?
A gente vê que para quem está com uma condição mais estável é um momento bom para comprar. Os vendedores vão estar dispostos a fazerem bons negócios. É um momento para aproveitar imóveis e condições atrativas para comprar.
Num tempo de tantas incertezas e volatilidade do mercado financeiro, acreditamos que o mercado imobiliário é sempre um bom investimento, com rentabilidade segura.
Mas não é qualquer imóvel: imóveis bem localizados, novos e reformados em boas localizações têm demonstrado valorização acima da média.